terça-feira, fevereiro 10, 2009

Olá. O meu nome é Magalhães.

Só assim muito por acaso, algum de vocês sabe o que estou a fazer neste momento? Sim, a escrever diante de um ecrã… Mas não é um ecrã qualquer! Nem muito menos um computador qualquer! Pequeno (demasiado até), de linhas infantis, leve, e revestido com uma espécie de borracha protectora… Já lá chegaram? Não? Eu explico.
Pois é, parece que a modernização tecnológica (será mesmo?) chegou à minha casa. Chama-se Magalhães, tem menos de 1.45kg, e é o primeiro computador da minha irmã mais nova, que frequenta actualmente o 2º ano do ensino primário. Este será possivelmente o post que mais dificuldade terei para terminar, não pelo seu conteúdo ser difícil de explorar, mas sobretudo porque cada vez que tento carregar numa tecla, acabo por carregar em duas, e atenção que não tenho uns dedos assim tão gordos quanto isso.

Não vou aqui representar o típico papel de “português insatisfeito” que se queixa quando não tem, e praticamente ainda mais se queixa quando tem. Tal como esperava, são vários os aspectos positivos desta máquina, mas também se contam alguns negativos, que com relativa facilidade poderiam ter sido melhorados. A primeira coisa que acho importante frisar, é que de facto 20€ por um computador é realmente pouco, e como tal, penso estar ao alcance de todo e qualquer pai que queira introduzir o seu filho no mundo da informática (consta que agora é uma parte fundamental na educação dos mais jovens). E sim, para aqueles que ainda duvidam, e que tanto falam, ainda que sem conhecimento de causa, é mesmo um computador, modesto, mas é. Dois sistemas operativos distintos com interfaces adaptados para os mais leigos na matéria, um disco pequeno mas suficiente para armazenar meia dúzia de documentos, uma webcam para tirar umas fotos catitas, e todo um conjunto de software didáctico que me parece interessante e desafiante aos olhos de uma criança entre os 7 e os 9 anos de idade.


Bla bla bla bla, e chega de falar de coisas boas, até porque falar das más é sempre bem mais fácil e divertido! Preparem aí meia horinha do vosso tempo que isto agora vai ser disparar em todas as direcções! Mentira. Vou tentar ser breve e conter a minha língua venenosa.

A menos que o orçamento de estado para 2012 preveja uma verba assinalável para óculos e consultas de oftalmologia, não consigo perceber o porquê de um ecrã de 8 polegadas. Concordo que realmente pedia-se um computador portátil de tamanho reduzido, mas vá lá, conseguir ler o nome dos atalhos no desktop não deveria consistir num desafio. Quanto ao teclado acho inaceitável… Não, não acho, sou mesmo eu que afinal tenho os dedos gordos, longe do tamanho duns dedos de 7 ou 8 anos. Dado que o computador será usado maioritariamente para fins escolares, seria normal os jovens alunos poderem fazer as suas pesquisas na Internet, de forma a melhor desenvolverem os exigentes trabalhos da disciplina de Estudo do Meio. Vejamos, www.google.pt... “Página não pode ser acedida”. Humm… estranho, ia jurar que este era capaz de ser este o site mais utilizado em todo o mundo pelos cibernautas. Vamos tentar www.sapo.pt... Não, também não consigo aceder... Por favor, não me digam que… Não, não pode ser… www.record.pt… Okay, se nem a capa do Record os miúdos podem consultar, esqueçam lá essa coisa da Internet porque assim não vale a pena. Torna-se excessivamente repetitivo sempre que se vai à net, só poder consultar o site do Ministério da Educação, que diga-se, até é bastante engraçado. O melhor que a minha irmã tem a fazer em vez de andar a navegar pela Internet, é mesmo colocar um CD das “Just Girls” no seu novo portátil, e fazer uns desenhos no Paint. Esperem lá, então e a portinha do CD-ROM? Fantástico, o Magalhães não lê nem CD’s nem DVD’s. Mas tem webcam! Isso tem…

Bom, pormenores à parte, o que interessa é que realmente agora tenho uma casa moderna, e os meus pais não precisaram de gastar mais do que 20€. Apesar de tudo o que se possa dizer, e bem sei que foram bastantes os pontos que deixei à margem deste texto, estendo a mão à palmatória, e confesso que realmente acho que este foi um passo significante para a modernização do ensino primário nas escolas portuguesas. Quando a minha avó for entregar o Bollycao e o pacotinho de Nesquik para o lanche, no intervalo das aulas, com certeza será surpreendida por umas dezenas de alunos sentados à beira do campo de futebol, de Magalhães ao colo e a jogar Solitário.

No fundo, no fundo, tenho algumas saudades de ver a rapaziada a fazer covinhas na areia para jogar ao berlinde.

3 comentários:

João Daniel disse...

Não que me orgulhe, mas já consegui aceder a alguns sites de conteúdo pouco próprio no magalhães da minha irmã...

p{H}antasma disse...

E ver gajas? :D

Anónimo disse...

Tivesse ele vindo nos nossos tempos, este Magalhães seria uma verdadeira machadada no tráfico de imagens do bagdad.com, das Spice Girls, Dragon Ball, entre outros!